Por Marcio Tito
@marciotitop
Equilibro e perfeita distribuição de forças, no contexto de uma obra bem armada e resoluta, definem o que é que nos entrega Agamemnon – Voltei do supermercado e dei uma surra no meu filho.
O ótimo elenco, bem posto diante de uma sequência de super-sólidas decisões acerca do material, ganha em performance e encontra uma autoral e nítida equalização sonora e gestual – É suficiente legenda, boa forma e nítido conteúdo para as camadas subjetivas e explícitas do bom texto de Rodrigo García.
As balizas, sempre bem postas, armando o profundo de uma arena cheia de sentidos, instrumentaliza o espaço sensível, mas também constrói pontos de força para que o texto chegue sem ruídos aos olhos e aos ouvidos.
A encenação empresta movimentos intermitentes às nuances e repetidas vezes se presta ao expediente de uma tradução acerca do que é que esta montagem quer extrair (e extrai) do material.
Cenário, luz e figurino parecem uma só linguagem e, seguramente, esta é a condição criativa e prática que torna a supracitada montagem um sólido conjunto de intenções.
Sem meios-termos, radical no simples de uma encenação de mestra, resoluta dentro de um esquema nítido, Soledad Yunge exibe um profundo e sofisticado bom gosto. Um espetáculo ciente de sua potência e implicado ao centro de uma sofisticada percepção da cena nos chega pela de um orgânica e nada empolada linguagem. Uma aula de comunicação e poesia.
Talvez um dos bem ambientados e coesos materiais da temporada.
FICHA TÉCNICA:
Direção do espetáculo: Soledad Yunge
Preparação Corporal: Ana Paula Lopez
Elenco: Carú Lima, Júlia Novaes e Tuna Serzedello
Texto: Rodrigo García
Tradução: Soledad Yunge
Iluminação: Junior Docini
Músicas Originais: Muepetmo
Cenário: Julia Reis e Lucas Bueno (Estúdio LAVA)
Figurinos: Rogério Romualdo
Programação visual: Tuna Serzedello
Direção de Produção: Soledad Yunge
Assistente de Produção: Carú Lima
Realização: Cia. Arthur-Arnaldo da Cooperativa Paulista de Teatro
Deus Ateu 